Tem certas idades na vida que nos fazem refletir. E uma delas, posso dizer, que são os 30 anos. Temos uma sensação de: “quando foi mesmo o que o tempo passou?” e chega um momento de autoavaliação para repensar diversos aspectos, entre eles, a sua carreira.
Mudar de carreira não é uma decisão simples, principalmente depois que você já construiu o início da sua vida profissional: estudou muito, se especializou, fez cursos, apostou em novos conhecimentos, estagiou, trabalhou, trabalhou, trabalhou. Como deixar tudo isso para trás?
O consultor Tarcísio Holanda, graduado na SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching, explica que esses questionamentos revelam outros sentimentos. “Essa ideia de que é muito tarde para trocar de profissão está relacionado com vários aspectos. Acredito que os principais são: enxergar a mudança como fracasso e não estar disposto aos esforços e planejamento necessários para realizar uma transformação em qualquer área da sua vida”, explica.
Motivação
“Todos nós sabemos quando há algo que não se encaixa com nosso propósito de vida. Você pode não saber exatamente qual é esse propósito, até porque essa não é uma resposta fácil, mas essa sensação de estar em um lugar ao qual não pertence é algo fácil de identificar.” *
O primeiro sinal de que tem algo diferente é saber de onde vem a sua motivação. O que te faz querer mudar de carreira? Será que é o local de trabalho ou é por que você sempre sonhou empreender? É a busca por um salário maior ou exercer aquela atividade não te faz feliz? Esses são questionamentos que devem ser levados em consideração ao olhar pra dentro de si e tentar encontrar a razão principal pela qual você deseja buscar novos rumos.
Muitas vezes, existe paixão pela profissão, mas está difícil conciliar com as demais áreas da vida: família, amigos e realizações pessoais. Ou você tem tempo para si, mas os ganhos não estão lhe proporcionando o padrão de vida que almeja. Nesse momento, é preciso refletir: o que é mais importante para mim? E começar a descobrir qual é o seu ponto de equilíbrio.
“Se você ama verdadeiramente o que faz, as chances são de que o problema não esteja na sua profissão. Antes de mudar totalmente, você precisa considerar outras possibilidades de atuar no que gosta, talvez, em outro formato”, aconselha do coaching.
Tarcísio também comenta sobre a possibilidade de ganhar bem, mas não se sentir satisfeito. “Após ter certeza de que o que a deixa infeliz é sua área de atuação e não a empresa ou o formato como você exerce sua profissão, a transição deve ser considerada. Primeiramente, devemos deixar de lado a ideia do fracasso. Toda a experiência e conhecimento passados serão úteis para a nova carreira.” Uma forma de avaliar é pensar nas perdas e ganhos a partir da nova decisão. “Essa ferramenta ajuda a colocar os pés no chão, pois estar desiludida com sua profissão pode te levar a romantizar uma outra, quando na verdade sempre existem renúncias para qualquer caminho que sigamos”, alerta.
Família e amigos
Um dos pontos mais difíceis de lidar ao mudar de carreira é saber como enfrentar o julgamento dos outros e o medo de desapontar as pessoas queridas. Uma decisão importante como essa afeta também quem está ao nosso redor e requer planejamento e resiliência. Tarcísio explica que nem sempre os comentários duvidosos têm o objetivo de avaliação: “é importante compreender que a maior parte das pessoas que tentam fazer você mudar de ideia não o fazem por mal, mas porque realmente se preocupam. Portanto, buscar estar próxima dos que te apoiam e receber os demais comentários como uma forma de afeto, ajuda a manter-se mais tranquila em relação a eles.”
Tenha uma estratégia para ser mais assertivo
Depois de ter certeza do seu novo rumo – seja ele um novo formato dentro da profissão ou uma nova carreira – de conversar com sua família e chegar à uma conclusão, é preciso ter uma estratégia. “Essa decisão envolve autoconhecimento para descobrir seus valores, crenças, habilidades, seus pontos fortes e fracos. No entanto, o caminho do autoconhecimento precisa andar junto a um bom planejamento, que envolve avaliar o mercado e definir estratégias”, reforça o coaching.
É preciso enxergar que a construção de uma nova carreira requer os mesmos cuidados que você teve ao iniciar a primeira: tempo para estudos, dedicação, construção de networking e um período de altos e baixos até a estabilidade. Para passar por esse momento, muitas vezes é preciso de ajuda profissional – seja um orientador vocacional, seja um psicólogo.
“Algumas pessoas procuram um profissional de reorientação vocacional quando estão completamente perdidas, outras já chegam ele com uma definição do que querem, procurando alguém que as auxilie no processo de transição. O momento dessa procura é algo muito pessoal. O importante é que as pessoas saibam que esse profissional existe e que existem métodos para ajudá-las a passar por esse processo de forma mais certeira”, avalia Tarcísio*.
O primeiro passo
O importante para toda e qualquer mudança na vida, depois de analisar bem a situação, é dar o primeiro passo e entender que o caminho é feito aos poucos. Lembre-se de que para construir uma nova trajetória profissional, você já contará com a experiência e a maturidade da carreira anterior, mas o resultado vem ao longo do tempo.
Se você está passando por algo parecido, compartilhe sua experiência que vou ler com todo carinho. Afinal, todos nós passamos por momentos de dúvidas.
Um beijo e até o próximo post!
*Tarcísio Holanda é consultor da área vocacional e desenvolveu o Método CAP – Carreira de Alta Performance – que vem despertando adolescentes e jovens para a descoberta dos seus rumos profissionais. Após cursar duas faculdades, descobriu-se na área vocacional, alcançando a graduação de um dos maiores Institutos de Análise Comportamental do país, o SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching. Também tem Certificação internacional reconhecida e aprovada pela IAC – International Association of Coaching e é Membro da Sociedade Latina Americana de Coaching.